VINHOS DO RIO GRANDE DO SUL


Uma homenagem ao Rio Grande do Sul neste 20 de setembro.

Reproduzo, abaixo, nossa coluna publicada em 2011 no jornal Zero Hora, sobre os Vinhos Gaúchos.


Vinhos do Rio Grande do Sul

(Caminhos da Colônia, Caxias do Sul) 

Um hábito cultural que virou símbolo do Rio Grande do Sul: o vinho. Trazido como elemento de identidade por imigrações portuguesas, alemãs e, principalmente italiana, o vinho no Rio Grande do Sul tem uma linda história, repleta de superação. Desde meados de 1800, foram inúmeras tentativas, inúmeras variedades, jeitos de produzir. O vinho não surgia para comercializar, sim para compor a mesa, a alimentação. Segundo estudos antropológicos, o cultivo da videira, elaborar e consumir o vinho com a família era uma das formas do imigrante italiano não esquecer das suas origens, de quem ele era e seus valores familiares. Atualmente, além da belíssima Serra Gaúcha, vinhedos se espalharam pelos diversos recantos do estado, trazendo muita diversidade, aliado a alta tecnologia e busca permanente da qualidade. Conheça um pouco das principais regiões, bem como de um curioso local, a Ilha dos Marinheiros.




(Foto 1: Vista de Faria Lemos, Bento Gonçalves/ Foto 2: Belvedere em Nova Pádua/RS)

Serra Gaúcha - o berço da imigração italiana, onde o vinho é uma referência. Os entornos de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, convidam não somente a provar muitos tipos de vinhos, mas também apreciar paisagens incríveis. As curvas do Rio das Antas, aliando vinhedos e mata nativa, merecem ser apreciadas. A uva Merlot, com suas notas de especiarias, ervas, frutas e um leve toque de torrefação têm sido o grande diferencial. E outra estrela é o vinho espumante. Seja pelo método Tradicional, Charmat ou Moscatel, doces ou brut, têm encantado a imprensa internacional e se aproximado a cada dia dos consumidores. Subindo a serra, em direção a Vacaria, começam a surgir os vinhedos de altitude, muito promissores, principalmente com a uva Pinot Noir. Há vinícolas enormes, familiares, porões, enfim, para todos os gostos. Outro destaque da serra é a arquitetura, que convida a belíssimos passeios: vinícolas muito bonitas,sejam restauradas ou modernas, como Salvador e Luiz Argenta (Flores da Cunha), além da Dom Guerino (Alto Feliz), Alma Única (Vale dos Vinhedos) encantam os apreciadores desta arte.


Serra do Sudeste - uma região tão importante na história dos gaúchos têm agora feito a grande diferença no presente dos vinhosbrasileiros. As antigas cidades farroupilhas como Encruzilhada do Sul e Pinheiro Machado, além do grande patrimônio arquitetônico, aliam clima e solo ideais para vinhos de altíssima categoria. Os projetos iniciados no final dos ano 90 pela família Angheben, seguido por outras importantes empresas como Lídio Carraro, Marson, Terrasul e Casa Valduga, tem trazido aos apreciadoresvinhos de uvas diferentes, como as italianas Teroldego, Barbera, Ancelotta, além de tradicionais Pinot Noir, Cabernet Sauvignon.Vinhos concentrados, de boa graduação alcoólica - em torno de 13ºGL - com aromas muito frutados e ótimo corpo são parcerias perfeitas para a gastronomia gaúcha. Por serem projetos muito novos, a região apenas possui vinhedos, sendo os vinhos facilmente encontrados em lojas especializadas.

(propriedade "Serra do Caverá", em Alegrete RS)

Campanha Gaúcha - Uma paisagem única, que alia gado, aves nativas, vinhedos e a ampla vista do pampa. O solo que mescla areia e argila, o período de seca no verão aliado a ao calor do dia e frio das noites, tem despertado o potencial para inúmeros tipos de uvas. Nas brancas, todo o aroma de rosas da Gewurztraminer e o cítrico da Sauvignon Blanc são possíveis de encontrar em cada garrafa, se aprimorando a cada colheita. Nas tintas, desde a tradicional Tannat, ícone dos vizinhos uruguaios, Cabernet Sauvignon até castas portuguesas, como Touriga Nacional, têm sido as grandes estrelas. A forte identidade com a cultura regional, em marcas como "Rastros do Pampa" e "Província de São Pedro", bem como os conceitos modernos da "Dunamis", convidam a provar osvinhos junto aos melhores cortes de carnes. As cidades produtoras são Itaqui, Uruguaiana, Alegrete, Dom Pedrito, Santana do Livramento, Bagé, Candiota e Rosário do Sul. Há inúmeras vinícolas abertas a visitação, como Cordilheira de Santana, em Livramento, onde se pode degustar na origem seu excelente Chardonnay.


Ilha dos Marinheiros, Rio Grande - de baixíssima e artesanal produção, a Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande, é um dos pontos de produção mais curiosos e antigos de elaboração de vinho no Brasil. De colonização portuguesa, açoriana, trouxe em sua essência a cultura da videira, porém elaborando vinhos fortificados (com adição de álcool). Assim como Porto, Madeira, Marsala, este tipo de elaboração é típica de zonas litorâneas, devido a que os vinhos deveriam resistir a longas viagens pelo mar sem boas condições de conservação, sendo alimento da tripulação. A tradicional "jurupiga/jeropiga" mescla mosto de uvas e álcool vínico, fazendo surgir um vinho licoroso, que lembra remotamente seus "primos" da ilha da Madeira. É opção de aperitivo ou sobremesa, também utilizado na culinária, somente sendo encontrado na cidade de Rio Grande.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Enomatic

Sabores de Verão - Koh Pee Pee, Champagne, Chez Philippe - Ano 7

A arte de fazer um grande queijo | Visita a Raul Anselmo Randon | Vacaria