Como Harmonizar Gastronomia Tailandesa


Vasculhando meus arquivos, encontro esta coluna que escrevi em 2009 para a Zero Hora, com dicas de harmonização com gastronomia tailandesa!
 


(Restaurante Koh Pee Pee - Foto de Maria Amelia)

GASTRONOMIA ASIÁTICA E VINHOS

Uma das grandes modas deste verão será a gastronomia asiática. Sejam os tradicionais sushis, sashimis, gastronomia tailandesa ou indiana, é difícil não se seduzir com o aroma do curry, a beleza dos ingredientes, a mística e rituais que envolvem cada detalhe. A leveza dos pratos, toda a saúde dos alimentos frescos, peixes crus e o exótico das especiarias chegaram no Brasil para ficar. A Ásia é muito grande e diversificada, é impossível generalizar; queremos considerar aqui o que é mais conhecido, que tem se tornado mais fácil encontrar e que está tomando conta das mesas do país. Sair e degustar um temaki já é parte do cotidiano; esta curiosa e deliciosa gastronomia aproximou as "asian food" dos jovens, fazendo-a fácil de apreciar no dia-a-dia. 

E na hora de combinar vinhos, uma desafiante tarefa; muitos dos países de onde vem estas delícias não consomem bebidas alcoólicas, convidando a degustar chás, como na Tailândia. Já na gastronomia japonesa, impera o saquê, bebida que se bebe quente e origina do arroz, com aromas e sabores muito peculiares, álcool bem pronunciado. Para desafiar pimentas e peixes leves, cujo sabor é pronunciado, como salmão, a sugestão é iniciar por espumantes. Sugiro sempre que estejam muito gelados ao combinar com apimentados pratos; melhor se for método charmat, como Prosecco, pois a leveza é interessante, com toques frutados, cítricos e excelente acidez. Outra dica são os espumantes rosés medianamente encorpados, muito jovens. 
Os aromas de frutas como morango e um bom paladar transformam o encontro. 


Com rolinho primavera ao estilo vietnamita, quando acompanhado de molho agridoce ou apimentado, pode ser um de método tradicional, pois o estilo envelhecido vai complementar o sabor do prato. Se a idéia for acompanhar com vinhos, as escolhas devem se concentrar em brancos frutados, como Sauvignon Blanc ou Viogner. A acidez natural destas uvas, com aromas de abacaxi, maracujá, dão um complemento a esta gastronomia. Em recente jantar no restaurante Koh Pee Pee, uma referência em gastronomia tailandesa, uma interessante combinação desta culinária foi com um vinho da uva branca Gewurztraminer; isto pois a base de vários pratos é leite de côco, molhos agridoces, amendoim e a presença marcante da pimenta. Nestes casos, um vinho para harmonizar pode ter acidez equilibrada, um toque de açúcar, aromas florais e frutados, ser possível de beber em temperaturas mais baixas e ter "personalidade" para não ser encoberto pelos demais aromas. O Gewurztraminer tem perfume de lichia, rosas, frutas, transformando a harmonização. 

Se a opção for por vinhos tintos, buscar aqueles sem muito tanino, bom frescor, como um Pinot Noir, um vinho do sul da França, ou um Merlot brasileiro bastante jovem. Alguns assemblages também podem ser curiosos, desde que a madeira não seja tão aparente. Cuidado com o excesso do molho shoyo, ele pode apagar o sabor do vinho. Nas sobremesas, sempre a base de coco, frutas e também arroz e feijão, nada melhor que um Late Harvest branco, ou um Sauternes. Estes vinhos, por terem uma colheita mais tardía, possuem tanto açúcar natural, aromas que lembram a mel, amêndoas, frutos cítricos maduros, como boa potência em acidez, perfeito para equilibrar com os aromas delicados e sabores potentes destas iguarias. Vale degustar, conhecer, experimentar: harmonizar é usar a criatividade, transformando sabores em momentos exclusivos.

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