Vinícola Petronius - A influência austríaca na história do Vinho Brasileiro

Queridos amigos,

Das muitas descobertas de nosso trabalho pela história e turismo do vinho brasileiro, uma merece destaque. Ontem estivemos em visitas em Gramado, Caxias do Sul e Flores da Cunha, iniciando um resgate de uma história muito rica, cheia de detalhes e extremamente importante no contexto do vinho no Brasil: as personalidades de Emílio e Eloy Kunz, grandes pioneiros, tanto em elaboração quanto comercialização de vinhos e outras bebidas.

Para compartilhar um pouco desta experiência, trago informações do Blog "Bagos de Uva", sobre a Petronius, em Gramado, hoje Centro Cultural.

Deliciem-se!!

(foto Maria Amélia Duarte Flores)



“Nesta hora em que se abrem as portas deste Centro Municipal de Cultura, neste local tão especial e, agora, recuperado em sua visão global, vale relembrar o passado, que aqui se faz presente, nas paredes, janelas, portas, espaços, alicerces e telhados.

Aqui, onde hoje se inicia uma somatória de formas de educação e cultura, já aconteceram horas de trabalho e de dura lida, na sustentação de nossa economia inicial.

Este espaço foi a VINICOLA PETRONIUS.

Esta empresa foi registrada em 15 de Fevereiro de 1939, iniciando suas atividades na liderança de EMILIO KUNZ, uma pessoa altamente conhecedora deste ramo comercial.

Faziam parte do conjunto 3 prédios: o do Centro de Cultura I; este prédio que agora se inaugura como Centro de Cultura II e, entre eles, um grande prédio de madeira que se perdeu com o tempo.

Estes prédios foram erguidos com mão-de-obra local e com todo o material fornecido por nosso próprio povo, para as diversas finalidades.

As grandes pedras que formam os alicerces de base deste prédio foram retiradas aqui mesmo, ao fundo, com o uso de picaretas e trazidas em zorras ou carroças puxadas por animais.

Os tijolos vieram de uma olaria artesanal que havia no Mato Queimado.

Este prédio que ora inauguramos foi erguido sobre um grande porão que possui seis grandes tanques de concreto para armazenagem de vinho já pronto ( a granel ), com capacidade para um total de
100.000 litros. Sobre os porões, assoalho de grande pranchas de tábuas maciças de pinheiros, sustentadas em vãos de até 15 metros, em troncos (em cerne), também de pinheiros.
Telhado sóbrio e janelas com vidros, parte fixos, parte móveis, acompanhadas de venezianas na parte frontal.

Onde agora é a rampa principal, ficava o trapiche, para carga e descarga da mercadoria que vinha de quase todas as nossas colônias, em pipas armazenadas pelos próprios colonos. As pipas eram descarregadas, bem como as uvas, passando pela máquina de moagem (à pressão movida por locomóvel), sendo tocadas por bombas, indo parar nas grandes pipas de madeira (como as que se encontravam no jardim principal). Pipa que podiam armazenar de 30 até 60 mil litros. Depois, iam para os tanques de reserva e depois, engarrafadas, rotuladas e engradadas.

Nas pipas de madeira passavam 6 meses em fermentação.

As sobras da fermentação e a água servida, desciam para o Arroio Grande que passa logo abaixo, onde ainda existem vestígios de taipas escalonando o declive, caminhos, hortênsias plantadas e possíveis tanques de decantação, para evitar ao máximo a poluição.

O controle de qualidade era qualificado e a empresa tinha sempre muito trabalho, sendo que nos finais de ano, mal dava conta dos pedidos. Chegou a ser a maior potência municipal na década de 40.

Na parte frontal havia um espaço especial para a residência de Emílio Kunz, em dois pisos ligados por uma bonita escada interna.

Tudo funcionava perfeitamente e Gramado produzia e exportava vinho como nunca. Alem do vinho, havia vermutes, conhaques, caninha velha, porto, sucos de uva, vinho licoroso, barbera, moscatelate, bagaceira, vinagres...
Em 1982, esta Vinícola foi totalmente desativada. Mais tarde, desapropriada a área, pela Prefeitura Municipal de Gramado.

Fonte: Marilia Daros
http://bagosdeuva.blogspot.com/2008/05/vincola-petronius-em-gramado.html

Comentários

Carlos Augusto disse…
Boa noite, sou Carlos Augusto Seidl Corrêa e meu avô, Osvaldo Edmundo Seidl foi proprietário da Vinicola Petronius durante muitos anos, até início dos anos 70 quando a vendeu. Ele faleceu em abril de 1973. Eu me lembro pouco sobre esta época. Existe alguma referência ou registro sobre isto? Eu, meu irmão e meus primos gostavamos de brincar na vinícola em nossas férias. Meu email é carloscorrea@terra.com.br.

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