Degustação às cegas... humildade e preconceito em xeque!!

No meio da turma do vinho, sempre tem gente com respostas prontas e "verdades absolutas":
Algumas clássicas que escuto com frequência:

- Só bebo Cabernet.
- Só bebo vinho chileno.
- Detesto rosé.
- Vinho branco não é vinho.
- Odeio Merlot.
- Vinho de mistura é uma porcaria.
- Vinho branco só com peixe.
- Só acima de 90 pontos. 
etc etc etc...

É um monte de adjetivo, é um monte de acho e não acho, com pouquíssimo (ou nada) de fundo de verdade. 
Claro que respeito, e muito, o gosto pessoal. Só não gosto de rotulagens.

Só que estes "pré conceitos" seguidamente nos fazem perder grandes oportunidades!!

Fazem com que muita gente que gosta e admira mesmo os bons vinhos perca a chance de provar coisas novas e descobrir ainda mais sabores e texturas muito interessantes!!

Para fomentar o debate - e descontrair também, afinal vinho é cultura e bem estar, fomos surpreendidos como um desafio, durante a visita a Ervideira, no Alentejo, em Portugal.

Com muito carinho, a turma da Ervideira, liderados pelo Duarte da Costa, preparou uma verdadeira degustação às cegas!!!


A Ervideira é uma adega tradicional, localizada próximo a Reguengos de Monsaraz/Vendinha, na região do Alentejo. É uma adega inovadora, com foco na qualidade, não perdendo o estilo familiar em todo o trabalho. Ainda há garrafas antigas, da época da fundação da casa; foi tamanha a importância do fundador, sr Leal da Costa, que recebeu o título de "Conde da Ervideira". Os vinhedos estão em Reguengos de Monsaraz e Vidigueira.


Ao entregar as taças escuras para os participantes, Duarte apenas pediu: taça número um na mão direita, dois na esquerda. A partir dali, era comparar, ver as diferenças, responder se eram brancos, rosés ou tintos, que aromas sentiam.


Uns disseram: branco em um, no outro rosé; outros acharam que eram dois brancos; em um o aroma estava mais pronunciado, em outro mais discreto. Em uma das taças se percebia mais a fruta e o álcool, na outra algo mais cítrico e acidez mais refrescante. Foi um belo enigma.

Dentre os 14 palpites diferentes (éramos quatorze pessoas degustando), boa parte ficou com a idéia de que eram dois brancos, um mais novo, outro mais antigo; outra parte do grupo sustentou a idéia de ser um branco e outro rosé; apenas duas pessoas (nosso amigo Wili e a Rosângela) defenderam de que os vinhos seriam dois rosés... Veio a revelação!




Era exatamente o mesmo vinho, rosé!! 
Apenas em temperaturas diferentes!!


Foi uma diversão! Muitas pessoas pouco conhecem vinhos rosés, dificilmente compram este tipo de vinho; é um dos mais criticados. As cegas, ficou super bem qualificado e ainda mostrou o quanto a temperatura influencia: com a pequena diferença de alguns graus, eram "vinhos totalmente diferentes" (e, por que não, com diferentes possibilidade de harmonização e consumo!).

Cabem várias reflexões...

Após, era hora de conhecer parte da linha de vinhos da Ervideira, junto com o coquetel de sabores regionais!!


Achei surpreendente o vinho "Invisivel", um branco de uvas tintas bastante ousado. Nos tintos, ótimas revelações!!

Fica o nosso agradecimento a família Leal da Costa, bem como a turma da Mr Man (importadora da Ervideira para o Brasil) pela magnífica recepção! Até as próximas!

(Grupo "Portugal Tour de Vinhos - 3a Edição - Vinho & Arte)


Saiba mais sobre a Ervideira:

As herdades do Monte da Ribeira (Vidigueira) e da Herdadinha (Reguengos de Monsaraz), pertencem à família Leal da Costa, descendente directa do Conde D’Ervideira, agricultor alentejano de sucesso do fim séc. XIX e princípio do séc. XX. O Conde D’Ervideira, que recebeu o título de D. Carlos I pelas funções de dirigente de instituições de serviço e apoio social que desempenhou na região de Évora, deu inicio à produção de vinho em 1880, como atestam as garrafas que ainda hoje a empresa exibe, orgulhosamente, na sala de provas da actual adega.

Até meados do séc. XX a produção foi conduzida pelo avô dos actuais proprietários. O ano de 1950 marcou um interregno da produção de vinhos, tendo as terras sido arrendadas até 1974, altura em que foram expropriadas pela reforma agrária do pós 25 de Abril. Em 1986 as duas herdades voltaram às mãos dos seus proprietários, mergulhadas num profundo cenário de abandono e pura degradação. Com a vontade e o apoio de toda a família, iniciou-se um programa de recuperação técnica e económica, capaz de retomar a tradição vitivinícola, plantando uma vinha nova com cerca de 80 hectares. Entre 1994 e 2002, foram plantados novos vinhedos e a vinha de 1986 foi reestruturada com o objectivo de obter maior potencial qualitativo, perfazendo uma área total de 160ha de vinhas plantadas segundo técnicas modernas, com tratamentos de Protecção Integrada, garantindo o maior respeito pelo ambiente.

É destas vinhas que, em 1998, se obtiveram as uvas que deram origem à primeira vinificação própria sob a responsabilidade técnica do enólogo Paulo Laureano. São, então, produzidas 25 000 garrafas Vinha D’Ervideira Tinto, que entram no mercado de gama média/alta, com excelentes classificações na nota de prova das revistas de especialidade. Em 2002, é posto em prática o projecto de construção da Adega da Ervideira, na Herdade da Herdadinha, freguesia de S. Vicente do Pigeiro, concelho de Évora, impera uma das mais inovadoras tecnologias aplicadas a nível nacional, desde a recepção, ao engarrafamento e guarda.
Com o objectivo bem definido de produzir mais e melhor, a Ervideira está hoje solidamente implantada no mercado, oferecendo vinhos de grande qualidade a preço justo. Das cerca de 800 mil garrafas produzidas actualmente, 40% destina-se ao mercado externo que é constituído por países como o Brasil, Canadá, Estados Unidos e México; Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça; Cabo Verde, Angola e Moçambique; e ainda Macau/China. A Ervideira está sempre a fomentar novos contactos, com o objectivo de estabelecer relações comerciais noutros países. Tendo ainda potencial de crescimento, a Ervideira prevê atingir uma produção de 1 Milhão de garrafas em 2008, contribuindo com satisfação para o bom-nome que está na sua origem: Alentejo.
As vinhas – 
A matéria-prima
A Ervideira é proprietária de 160ha de vinhedos, divididos pelas propriedades da zona de Vidigueira (110ha) e de Reguengos (50ha). O clima é aqui mediterrânico continental, com chuvas concentradas entre Novembro e Fevereiro e um Verão muito seco. Nos solos, predominam os vermelhos de xisto, xisto e granito. As castas tintas representam ¾ da produção, sendo a Trincadeira e o Aragonez as predominantes (50%), seguidas de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Caiada, Syrah, e Castelão. Nos encepamentos de brancos destacam-se as castas nobres tipicamente regionais
como Antão Vaz, Roupeiro, Arinto e Perrum. 

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