Espumante na praia

Sim, o Brasil cresceu. Ainda temos milhões de tarefas por cumprir, estradas por fazer, corrupção por frear, mentalidade por mudar. Só que agora o país já pode consumir, já temos crédito, gastamos em férias, luxos, não nos importamos em pagar certo valor agregado, ainda compramos coisas por emoção, pagamos muitas coisas mais caras que outros países e por aí vai.

Infelizmente, ainda nos falta "cultura". E muita.

Faço este raciocínio pois trabalho com um produto cultural, o vinho.

Não que as pessoas não possam comprar, elas apenas não o conhecem ainda, nem sempre gostam, as vezes acham caro, em outras acham que é forte, que não é doce (ou os vinhos doces disponíveis são muito ruins) enfim, são muitos os motivos.

E o próprio vinho incita a "status", a formalidade, a conhecimento, o que afasta ainda mais muitos dos consumidores brasileiros, sempre tão descolados, divertidos (basta ver qualquer propaganda de cerveja...).

Não me refiro só ao conhecimento em si de uvas e estilos, países, etc, mas ao conhecimento básico, aquele que passa de pai para filho, que está solto no ambiente em que crescemos. Aqui infelizmente não temos este ambiente.

Muitos brasileiros sequer tem saca-rolha em casa; muitos dos garçons não sabem nem abrir uma garrafa (aliás, grande parte das pessoas que trabalham como garçom muitas vezes nem se qualificam, acabam nesta profissão por necessidade). Vinho é ainda um assunto muito distante.

Compare a estrutura necessária para beber um espumante: diferente da cerveja que pode ser bebida em copo de vidro, de plástico, de canudinho, no próprio gargalo, na latinha, na caneca, onde for, ela só precisa estar gelada. O espumante, ao contrário, pede taça, balde, gelo, tem técnica para ser aberto; depende da marca, vai ser mais ou menos aceito, assim como vai ser menos, mais ou absurdamente caro.



O apreciador de vinho não cede em não beber se não for nas condições ideais; os estabelecimentos, em muitas vezes, não tem o mínimo de conhecimento no assunto, quem dirá estrutura. O comerciante sabe a dificuldade de vender em relação a rotatividade de outros itens (a velocidade que vende uma caixa de cerveja e uma caixa de espumante). Então o produto é taxado de "difícil", vende pouco e os resultados não surgem.



Sem contar o tal do terrível vício de colocar uma porcentagem altíssima em cima do vinho... Nem entrarei nesta questão.


Então, para começar 2013,  convido a fazer um teste: tente beber um espumante na praia.

Fica minha dica: vamos tentar mudar este inconsciente, vamos beber espumante na praia. Leve sua estrutura, faça seu "ritual". Convença sua barraquinha favorita, seu barzinho de praia, incentive. Outras pessoas vêem, outros se motivam.

Se não tem no kioske, leve de casa mesmo. Use taça de plástico ou de vidro, não tenha vergonha. Coloque o espumante em bolsa térmica; tem opções baldes coloridos lindíssimos. Se tiver frutas secas, melhor ainda, serão a companhia perfeita.

Tenho certeza, podemos fazer a diferença. Sem dirigir depois, ok?

Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
Ultimamente eu estou preferindo NÃO ir a praia e beber o espumante em casa mesmo... hehehe

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